Quando engravidei, a única coisa que sabia é que eu queria muito ter um parto normal. Em um país extremamente cesarista como o Brasil, esta não é uma tarefa tão simples como parece. No meio da peregrinação por uma assistência médica que me desse segurança de que eu não passaria por uma cesárea a menos que fosse realmente necessária, tive a grande sorte de encontrar um coletivo de parto humanizado. Os atendimento eram feitos por uma equipe interdisciplinar que atendia em formato de plantão e os pré-natais eram todos em grupo com mulheres na mesma idade gestacional. Um atendimento pré-natal em grupo me soava um tanto estranho, mas comprei a ideia.

A experiência do grupo e do coletivo transformou completamente minha maternidade e puerpério. Os pré-natais eram momentos para muitas trocas de conhecimento, experiências, dúvidas, medos e preocupações. Mas mais importante que isso, após o nascimento dos bebês, foi se tecendo uma linda rede de apoio entre aquelas mulheres que passavam juntas pelos mesmos processos: amamentação, solidão materna, privação de sono, exaustão, recuperação do corpo entre tantas outras questões que afetem as novas mães. Eu não tinha ideia do poder e da potência de estar entre outras mães, do tamanho do alívio de se sentir entendida, ouvida e de saber que eu não estava sozinha nas dores, angústias e alegrias do maternar. 

Não é à toa que quis levar esta experiência para outras mães, outras mulheres. Poder oferecer esse espaço de acolhimento, de levar um pouco de segurança para a avalanche de insegurança que nos atinge, de procurar amenizar a culpa que nos esmaga, de oferecer colo para quem agora tem os braços sempre ocupados, oferecer escuta e apoio para que quem cuida possa também ser cuidada.